quinta-feira, 22 de julho de 2010

Papel timbrado foi usado para denunciar aquidauanense - Carlos Cabral * AQUIDAUANA NEWS

Papel timbrado foi usado para denunciar aquidauanense - Carlos Cabral * AQUIDAUANA NEWS

O prefeito de Aquidauana, Fauzi Suleiman (PMDB) recebeu na tarde de quarta-feira (07) a visita do coronel da reserva do exército, médico e odontólogo Edson Nogueira Paim. Logo após o encontro, Edson Nogueira Paim concedeu uma entrevista ao jornalista Carlos Cabral para o Aquidauana News.

Colega de turma no curso de Odontologia – turma de 1956 - de Odilon Penteado e Hélio Codorniz, Paim mostrou com desmedida satisfação ao prefeito o deferimento de seu processo na Comissão de Anistia, cuja sentença assinala deferimento total.

“A partir dessa sentença, minha história política está resgatada. Recebi o perdão do Estado Brasileiro pelas injustiças cometidas durante o período da ditadura militar e ainda terei ressarcidos os honorários que me foram subtraídos”, disse ele.

Buscando horizontes

Com uma rica história política e pessoal, Edson Paim acumula em seu currículo curiosidades impensadas para os dias atuais. Nos anos de 1948 e 48, no então 9º GACAV/75 em Aquidauana, iniciou sua carreira militar, passando de soldado a cabo em rápida ascensão. “Fui cabo apenas com a escolaridade primária. Só depois, em 1950, já em Campo Grande, fiz o curso do antigo madureza e passei a 2º sargento. Em 1951, no Rio de Janeiro, fiz o curso de técnico em contabilidade que conclui em 1953. Depois entre 1954 a 1956 fiz a Faculdade de Odontologia Fluminense, quando fui colega do Odilon Penteado e do Hélio Codorniz”, conta ele.

Depois disso, Edson Paim chegou à função de 1º tenente dentista no 9º BEComb de Aquidauana. Em 1963 foi promovido a capitão dentista.

Nesse período já estava predestinado à militância na política, quando ocupou o cargo de vice-presidente do PTB de Aquidauana.

Foi candidato a deputado estadual levantando a bandeira da criação do Município de Anastácio. “Como não fui eleito, passei essa missão para o deputado eleito Carlos Medeiros”, lembra Paim.

Tempos difíceis...

Edson conta que também nesse período conviveu politicamente com militantes de esquerda, entre eles Enio de Castro Cabral, militante comunista “que despertava muita desconfiança entre os poderosos da época”, lembra Paim.

“Por conta desse conhecimento fui denunciado pelos políticos golpistas locais, inclusive através de ofício com papel timbrado da prefeitura de Aquidauana.

Uma rádio da cidade divulgava boletins anunciando que eu seria candidato a prefeito de Anastácio pelo Partido Comunista Brasileiro, o temido PCB, o que não correspondia à veracidade dos fatos.

Na verdade era uma campanha local maquiavelicamente orquestrada para indispor os militares contra mim. Aí começaram as perseguições, até a minha prisão e depois me mandaram para a reforma.

Fiquei preso por 66 dias e, em 1966, fui absolvido pela Auditoria da 9ª Região Militar de Campo Grande. Agora, com o meu processo deferido pela Comissão de Anistia, finalmente posso resgatar minha história política”, diz aliviado Edson Nogueira Paim.

O tempo sem limites

Inquieto e sempre buscando novos horizontes, Paim cursou medicina do Rio de Janeiro e entre os anos de 1967/72, fez residência médica mo hospital Souza Aguiar como médico clínico e geriátrico. Depois fez doutorado na UFF – Universidade Federal Fluminense e aprovado como professor adjunto na mesma.

Para as eleições deste ano, Edson Nogueira Paim é candidato a deputado estadual pelo PDT de Aquidauana. “Minha candidatura foi recomendada ao deputado Dagoberto Nogueira pelo ministro Carlos Luppi”, afirmou Paim, cuja memória impressiona. “Fui eu quem abonou a ficha de Raul Freixes, quando ele esteve no PDT”, lembrou ele ao Aquidauana News.

Esposo de Rosalda Paim, cujo nome empresta ao estádio municipal de Anastácio, ele lembra que ela foi deputada estadual pelo PDT do Rio de Janeiro entre os anos de 1982/1986. “Minha esposa lecionou durante muitos anos em diversas escolas daqui, entre elas o antigo Ginásio Imaculada Conceição – o GIC”, diz ele com satisfação.

Impressão

A impressão que fica dessa ‘prosa’ com Paim é bem positiva. Um homem inquieto, falante, bem-humorado, sempre em busca de se atualizar no tempo.

Embora seja de uma geração que se formou com valores diferenciados dos atuais, mostra-se aberto aos novos tempos sem se importar em mostrar sua face mais reveladora: um homem que não se dobra aos fatos da vida. É como se mandasse um recado bem claro às novas gerações: não se furtem de suas histórias pessoais e nem daquelas da sua cidade, porque um dia, com certeza, suas lembranças vão lhe cobrar aquilo que não se poder apagar.